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domingo, 30 de junho de 2013

Manifesto Pelo Chão Indígena – “Flor da terra”

Manifesto Pelo Chão Indígena – “Flor da terra”

Terena que lutaram na Guerra do Paraguai, enquanto suas terras eram roubadas. Acervo Comissão Rondon s/d.
Terena que lutaram na Guerra do Paraguai, enquanto suas terras eram roubadas. Acervo Comissão Rondon s/d.
Um posicionamento não somente pelas redes sociais, mas, sobretudo, um posicionamento cotidiano. No fazer-se.
Manifesto Pelo Chão Indígena – “Flor da terra”*
Para além da Universidade, o fazer-se enquanto pesquisador está em suas ações cotidianas como sujeito histórico e político. Neste sentido, este manifesto, ainda que singelo, representa o apoio, o respeito e toda solidariedade dos participantes do XXI Encontro Sul-Matogrossense de Geógrafos / V Encontro Regional de Geografia, e alunos de pós-graduação em Antropologia, História e Geografia (UFGD) aos povos originários – “Flor da Terra”.
Repudiamos a maneira com que os proprietários de terra conservadores e os representantes do Estado Brasileiro (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em todas as suas esferas federativas – União, estados e municípios) têm se posicionado sobre a questão indígena em nosso país. É inadmissível ver a situação precária e olhar centenas de vidas, de homens, mulheres, crianças e de idosos indígenas sendo desrespeitadas covardemente. Talvez seja esta a questão: o olhar, ou melhor, o não olhar…
O não olhar aos direitos dos povos originários, reconhecidos pela constituição de 1988, como em seu artigo 67 que afirma: “A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição”. Direitos que de maneira alguma foram “recebidos” ou “ganhados”, mas conquistados por meio de lutas e muita resistência e que, efetivamente, não estão sendo cumpridos.
Reiteramos, ainda, o nosso apoio a cada família Terena – de feridos e enlutados – da Terra Indígena Buriti, no município de Sidrolândia, já reconhecida como Terra Indígena através de laudo antropológico desde 2001, e ainda não homologada, da Aldeia Esperança de Aquidauana, e de tantas outras aldeias, que muitas vezes são silenciados à força, sofrendo diversas atrocidades, historicamente tecidas de forma ilegal e truculenta ao lutar pelo o que é seu por direito – a retomada da terra.
A terra, para os Povos Indígenas, está para além do seu sentido material. É o Tekoha, é a Terra Sem Males. Terra é vida, fonte de alimentos, descanso espiritual… O território que constitui e entrelaça o âmbito do vivido.
Nesse sentido, é preciso, é urgente, fazer florescer a terra das experiências Sem Males, temporal e espacialmente ainda fecundas em cada semente de chão indígena. Porque, afinal, o chão foi, é e sempre será um grande ensino!
Pelo direito de quem é de direito!
Pelo direito à luta!
Pelo direito à terra tekoha!
Uni-vos, toda comunidade Guarani-Kaiowá, Terena, Ofaié, Kadiwéu, Guató, Guaná, Payaguá…
Registramos o nosso apoio:
Participantes do XXI ENSUL / V EREGEO;
Alunos da Pós-Graduação em Antropologia;
Alunos da Pós-Graduação em Geografia;
Alunos da Pós-Graduação em História.
Casa de Reza Guarani-Kaiowá (rezador Jorge, rezadora Floriza)
Reserva Indígena de Dourados, 28 de Junho de 2013.
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*O Manifesto Pelo Chão Indígena – “Flor da terra” foi lido no XXI Encontro Sul-Matogrossense de Geógrafos e V Encontro Regional de Geografia – 2013. Compartilhado por Marciana Santiago.

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